quarta-feira, 12 de junho de 2019

PARA QUE SERVEM OS MUSEUS?

A pergunta para que servem os museus pode parecer irrelevante. Afinal todos sabemos que um museu é um equipamento, de natureza cultural que apresenta coleções de objetos. Coleções consideradas relevantes e que devem ser preservadas e visitadas. Implica um espaço seguro e vigiado. Normalmente apresenta uma narrativa para aqueles que o visitam. Será isso para que serve um museu?

A maioria das pessoas quando entra num museu espera encontrar uma coleção e uma história. A maioria também diz que em muitos casos se sentem intimidades com a solenidade do espaço. Não se pode falar alto. Em regra não se pode tocar em nada. Mutos dizem que é um espaço que não tem vida. Há sempre um desejo grande de o visitar rapidamente, para sair para a rua. Parece a muitos que os museus são espaços parados no tempo e muitos perguntam onde é que está a vida do quotidiano.
Um museu apresenta uma narrativa sobre um assunto. Uma história contada pelos objetos colocados em vitrinas, rotulados com etiquetas com informação sobre a autoria, o ano de criação, o material e a técnica usada.
O que é que significa a história num museu. Encontramos normalmente dois tipos de propostas nos museus do nosso tempo. Os museus clássicos, apresentam uma narrativa, construída por um curador, apoiada em objetos apresentados segundo uma ordem, cronológica, por afinidade ou estética. São museus que partem dos objetos que estão dentro e que procuram captar a atenção dos visitantes.
Nos museus participados são os interrogam o mundo onde se inserem. Um museu tem uma determinada função social. Servem a sociedade. Os seus objetivos e valores fundamentais. Nestes museus a preocupação do curador é responder ao pulsar do mundo com os recursos disponíveis. A construção da narrativa é feita em colaboração com a comunidade que participa na escolha dos objetos que decide guardar e conservar. São espaços inclusivos que procuram o que é que a comunidade quer aprender. São espaços de interrogação.
Para fazer este tipo de museus é necessário abrir as portas. Sair para o espaço envolvente e procurar o que é relevante. Saber o que as pessoas querem como representação da sua memória e propor que essas pessoas usem o espaço do museu para criarem atividades relacionadas com os seus patrimônios. São museus que procuram respostas para o pulsar do mundo. São lugares de encontro e descoberta de novos objetos para musealizar. Procuram compreender o território e a cidade como espaço de cidadania. São promotores a ação na comunidade.
A curadoria participativa não é um trabalho fácil. A memória é um campo de confronto social. Em qualquer comunidade há diferentes memórias em disputa. Como espaço de encontro, o museu é uma oportunidade para reconhecer a diversidade e promover a inclusão do outro e da diferença.
No final temos de ter consciência do que sucedeu. Um museu serve para facilitar o modo como olhamos para o mundo, para os outros e para nós mesmos. O sentido dos museus inovadores e propiciar uma consciência sobre o patrimônio que encontramos e como podemos usar isso para fazer coisas novas. O patrimônio não é o que se tem mas o que se pode fazer com ele. Serve para podermos viver melhor e mais felizes.
Os museus são espaços vivos e de inovação. São laboratórios onde podemos experimentar combinação de ideias. É através do encontro que se produz transformação.
Pedro Pereira Leite
Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra

Exercícios

1-O que esperamos encontrar quanto entramos num museu?
2-O que é que então acontece quando estamos no museu?
3-O que é que significa a história num museu?
4-O que é que deve suceder quando saímos dum museu?

Origem do Cinema / A primeira projeção pública de cinema


Origem do Cinema
A origem do Cinema está associada à invenção do cinematógrafo, no século XIX, um aparelho capaz de capturar “imagens-movimento”.
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Acima, o modelo de cinematógrafo patenteado pelos irmãos Lumière*

Um dos fenômenos tecnológicos mais impressionantes de nossa história é a capacidade de captação (ou captura) da “imagem-movimento”, isto é, da apreensão de imagens dinâmicas da realidade, e não estáticas, como é o caso da fotografia. A captura da “imagem-movimento” foi possível a partir de 1889 com a criação do cinetoscópio por William Dickson, assistente do cientista e inventor americano Thomas Edison. Esse invento e os modelos que o sucederam na década seguinte contribuíram para o desenvolvimento do cinema tal como o compreendemos hoje, ou seja, a arte cinematográfica.
O cinema, portanto, teve origem no cinetoscópio, que, todavia, não projetava as imagens em telões. O espectador do cinetoscópio tinha de observar (durante um tempo-limite de 15 minutos) as imagens no interior de uma câmara escura por meio de um orifício em que colocava um dos olhos. Nesse sentido, a experiência visual proporcionada pelo cinetoscópio não podia ser feita coletivamente. Edison não chegou a patentear o invento, o que abriu portas para outros inventores, sobretudo da Europa, aperfeiçoarem o modelo.
No ano de 1892, o francês Léon Bouly conseguiu, a partir do cinetoscópio, desenvolver o cinematógrafo, um modelo que conseguia gravar e projetar a luz das imagens-movimento em tela, em quadros por segundo. Contudo, Bouly não possuía dinheiro para registrar a patente do invento. O cinematógrafo acabou por ser patenteado pelos irmãos Lumière, que passaram, a partir de 1895, a fazer várias produções cinematográficas de pequena capacidade e a exibi-las em sessões especiais para isso.
A primeira exibição de filme feito por Auguste e Louis Lumière ocorreu em 22 de março de 1895. O filme era intitulado “La Sortie de L'usine Lumière à Lyon” (A saída da Fábrica Lumière em Lyon) e registrava a saída dos funcionários do interior da empresa Lumière, na cidade de Lyon, na França. Foi ainda com os irmãos Lumière que começaram as primeiras “direções cênicas” para o cinema. O cinematógrafo logo passou a registrar não apenas cenas do cotidiano, mas também cenas dramáticas, elaboradas com certo nível de teatralidade, como bem atesta o sociólogo Edgar Morin na obra “O Cinema, ou O homem imaginário”:
Mas, por sua própria natureza, e desde o seu aparecimento, o cinematógrafo era essencialmente espetáculo: ele exibia suas cenas a espectadores, para espectadores, e implicava assim a teatralidade que ele desenvolveria em seguida através da direção, da mise-en-scène. De resto, os primeiros filmes do cinescópio já apresentavam lutas de boxe, atrações de music-hall e pequenas cenas. O próprio cinematógrafo, desde seu primeiro dia, já mostrava o homem que regava as plantas sendo regado pela mangueira. A 'espetacular idade cênica' aparece assim ao mesmo tempo em que o cinematógrafo.” [1]

Mas seria nas três primeiras décadas do século XX que o cinema afirmar-se-ia enquanto arte. E isso ocorreu, sobretudo pela ação de artistas interessados em teatro, mágicos (e ilusionismo) e todo tipo possível de efeito cênico. Um dos principais nomes dessa fase do cinema foi Georges Meliès, que dirigiu “Viagem à Lua”, em 1902, conseguindo com esse filme efeitos visuais verdadeiramente impressionantes para a época.
Após os filmes de Meliès, surgiram as produções de D. W. Griffith, nos Estados Unidos, as do expressionismo e do “Movimento de Câmera”, na Alemanha, do surrealismo, na Espanha, e o cinema soviético, sobretudo com nomes como Vertov e Eisenstein.
[1] MORIN, Edgar. O cinema, ou O Homem Imaginário – Ensaio de Antropologia Sociológica. (trad. Luciano Loprete). São Paulo: É Realizações, 2014. p. 69-70.

A primeira projeção pública de cinema
O primeiro filme da história foi exibido em 28 de dezembro de 1895, na cidade de Lyon, na França, com uma produção dos irmãos Lumiére
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Os espectadores ficaram assustados, com medo de serem atropelados pelo trem na tela de projeção (Foto: Youtube).
No dia 28 de dezembro de 1895, foi exibido na sala Eden, na cidade de Lyon, na França, o primeiro filme do mundo, “Arrivé d’um train em gare à La Ciotat” (“Chegada de um trem à estação da Ciotat”), uma produção dos irmãos Lumiére, Louis e August.
O filme, de pouco menos de um minuto de duração, acompanha como o título sugere a chegada de um trem á estação Ciotát e o embarque e desembarque de alguns passageiros.
Já que se tratava do primeiro filme da história, a plateia reagiu de forma curiosa: como não tinham noção do que era um filme, muitos se assustaram, correndo para “sair do caminho” do trem quando este se aproxima, com medo de serem atropeladas.
Louis e Auguste eram filhos e empregados do fotógrafo e fabricante de películas Antoine Lumière, dono da Fábrica Lumiére, em Lyon. Ao se aposentar, Antoine deixou a fábrica para os filhos, incluindo seu cinematógrafo, uma máquina de filmar e projetar. O invento lhe foi atribuído, mas, na verdade, foi desenvolvido por León Bouly, em 1892.
León perdeu a patente da máquina, e os irmãos Lumiére a registraram novamente em fevereiro de 1895.