sexta-feira, 28 de junho de 2013

Pequeno empreendedor impulsiona a economia regional

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Pequeno empreendedor impulsiona a economia regional
29/05/2013
O brasileiro tem espírito empreendedor, é o que dizem as pesquisas, mas muitos têm o sonho de abrir ou ampliar um negócio próprio barrado por um 'detalhe': a falta de dinheiro. Encontram-se nessa situação mulheres que fazem em casa produtos como doces e salgados ou costuram; homens dedicados a consertos de carpintaria ou dispostos a começar um serviço de tele-entrega, e que precisam de valores que muitas vezes não chegam a R$ 5 mil. É tão pouco que a primeira vista seria fácil conseguir este aporte financeiro, mas não é. Como a maioria está na informalidade, não tem acesso ao crédito dos bancos tradicionais. É para estas pessoas que foi idealizado o Credisol (Crédito Solidário), uma ONG (Organização Não Governamental) voltada a oferecer micro crédito produtivo e orientado. Ou seja, apenas para ser investido em negócios, acompanhado por orientação. O limite máximo do empréstimo é de R$ 15mil. De acordo com o diretor executivo do Credisol Júlio César Búrigo, cerca de 30 mil pessoas já utilizaram o programa nas regiões da Amesc (Extremo Sul) e Amrec (Região Carbonífera). Aqui na região a ONG tem agência em Sombrio, Turvo e Araranguá. Em todas o parcelamento pode ser feito em até 36 meses e o juro varia em torno de 3% ao mês. Não é baixo, mesmo assim é vantajoso porque segundo Búrigo 75% dos negócios beneficiados são informais. Se fosse buscar crédito em um banco tradicional, o empréstimo teria que ser pessoal e, portanto, muito mais caro. "Aqui na região o que mais financiamos são facções. Pessoas, quase sempre mulheres, que com uma pequena ajuda passam a ter uma renda para melhorar a qualidade de vida da família", diz o diretor.   O Credisol em Sombrio está localizado na avenida Antônio Sant'Helena, próximo a loja Adelino, e o telefone para contato é o 3533 0760.  

Uma história de trabalho e sucesso 

Neli Gonçalves Santos, de 50 anos, e o marido Dário Colares dos Santos, 56, são um exemplo do empreendedorismo que necessita apenas de um pequeno estímulo para se desenvolver e contribuir para a melhoria de sua qualidade de vida e também dar oportunidade a outras pessoas no mercado de trabalho. Agricultores, passavam o dia na lida com a terra, na lavoura de fumo, sem muitas perspectivas de uma vida melhor e vendo cada vez mais o lucro ir embora por conta de crises no setor e de intempéries climáticas.Em 2001, deixaram a comunidade de Morro da Canoa, interior de Sombrio, para morar no bairro Parque das Avenidas. De costureira nas horas vagas, Neli decidiu se tornar microempreendedora, contando com o apoio de Dário e uma força especial do Credisol. Naquele ano fez seu primeiro empréstimo - R$ 2.500,00 - que serviu para a compra de máquinas de costura para a montagem de uma pequena facção nos fundos de casa, a exemplo de muitas outras pessoas em vários municípios da região.No início eram ela, o marido, os filhos e um funcionário. Como havia trabalho, Neli conseguiu pagar as prestações e logo o negócio começou a evoluir. Ao longo dos anos foram cinco empréstimos na Credisol, que permitiram uma ampliação do pequeno imóvel onde eram produzidas as roupas, aquisição de outras máquinas de costura e até a instalação de um aparelho de ar condicionado, dando conforto no ambiente de trabalho. "Sempre é bom trabalhar com um pouco de conforto", afirma.E este conforto foi estendido também à vida pessoal. "Foi bom ter saído da agricultura e colocar a facção. No início é sempre difícil, mas hoje me sinto realizada", diz Neli, que continua sempre investindo para garantir o progresso dos negócios.Em relação aos benefícios colhidos através dos empréstimos, Neli aponta principalmente a economia, já que consegue fazer melhores negócios. "Pagamos juros menores do que se fizéssemos compras a prazo e ainda obtemos descontos por estarmos com o dinheiro na mão", conta.Neli já fez cinco empréstimos desde 2001 e quer continuar a parceria que lhe garantiu a evolução como microempreendedora. "Tem que ter coragem de seguir seus sonhos. É sempre difícil de começar, mas se trabalhar bastante o resultado aparece", afirma.

Pai e filho crescendo e gerando renda

Em apenas sete anos, João Célio Bristot, de 54 anos, e o filho Marcelo Rocha Bristot, 33 passaram de produtores de fumo e banana a microempresários do setor de serraria, com produtos vendidos para a região sul de Santa Catarina e até para o Rio Grande do Sul.Em 2006, cansados da instabilidade do setor fumageiro, João e Marcelo decidiram encarar um novo desafio, impulsionados pela proposta de um ceramista e pelas facilidades de adquirir um empréstimo junto ao Credisol. "O proprietário da cerâmica produzia os paletes que utilizava e me propôs que os produzisse, garantindo a compra. Então, com o primeiro empréstimo, compramos a primeira máquina e começamos a trabalhar", lembra João Célio.Ele conta que no início trabalhavam em um imóvel alugado, na comunidade de São Cristóvão, em Santa Rosa do Sul. Mais tarde, conseguiu construir em suas próprias terras no Morro do Cipó, em Sombrio, onde hoje contam com duas serrarias. Com uma necessidade dos produtos no mercado, os clientes foram naturalmente aparecendo, primeiro na própria comunidade, depois dentro do município e agora a dupla já fabrica as estruturas de madeira para empresas de vários municípios, como Maracajá, Criciúma e até Charqueadas, no Rio Grande do Sul.De uma produção de 400 paletes por mês, João Célio e Marcelo já fabricam 1.200 unidades por semana, com reais possibilidades de expandir ainda mais as serrarias. "O que nos barra no momento é apenas a energia elétrica, que é insuficiente para o maquinário que já temos nas serrarias. Se melhoria essa parte, podemos ampliar a produção para oito mil por mês, aumentando o giro de capital nas empresas, além de contratar mais funcionários", garante.Ao longo dos sete anos, pai e filho já fizeram quatro operações de crédito, algumas delas com juro zero, que possibilitaram a compra de equipamentos, maquinários e até veículos. De microempreendedor, um deles já passou a microempresa e visualizam um promissor futuro. "Vale a pena dar o primeiro passo. Se trabalhar, se lutar, o resultado aparece", afirmam.
Fonte: Correio do Sul

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