Já pensou em ser freelancer?
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05/12/13
Por Fernanda Bottoni
Se você está sem trabalho fixo e precisa adquirir experiência e ganhar uma grana, prestar serviços como freelancer pode ser uma excelente alternativa. Afinal, conseguir um “frila” é bem mais simples do que ser contratado por uma empresa e ainda pode render muitos contatos e muita aprendizagem.
Pontos positivos
Uma das principais vantagens de ser freelancer, aliás, é exatamente a de fazer contatos com várias empresas e vários profissionais. Afinal, quanto mais clientes você tiver, melhor. Você consegue mais trabalhos e, se perder algum deles, não compromete tanto o seu orçamento. Essa variedade – tanto de contatos quanto de trabalhos – também faz com que o “frila” dificilmente sofra de tédio, como é o caso de alguns funcionários que passam os dias executando as mesmas tarefas.
Ah, sim, lembra quando você estava empregado e ia acumulando funções e projetos sem ganhar nada mais por eles? Pois é, como “frila” esse problema praticamente desaparece. Afinal, o “frila” trabalha por job. Quanto mais jobs, mais dinheiro. Exceções sempre existem, mas essa é a regra.
Outra maravilha é ter horários flexíveis. Por exemplo, se você está fazendo ou pensa em fazer um mestrado com aulas no período da tarde, pode se organizar para isso. A dica vale também para quem tem filhos pequenos ou precisa cuidar de algum parente ou amigo que não está bem de saúde.
Sem contar que, se você trabalhar home office, não vai sofrer no trânsito e nem encher a sua timeline de lamentações, como fazem aqueles amigos que atravessam a cidade duas vezes por dia para trabalhar. Já pensou quanto tempo você teria para outras atividades sem passar por esse sofrimento?
Mais uma vantagem de ser “frila”, principalmente para quem está começando a carreira agora, é poder rechear o currículo com essa experiência. “Você pode se identificar como prestador de serviços e relatar suas principais atividades desenvolvidas nesse período”, recomenda a coach Caroline Calaça.
Isso demonstra que você não ficou parado e não deixou de aprender e evoluir, principalmente se os trabalhos prestados forem na sua área de atuação mesmo. Como “frila” você provavelmente tenha atividades bem diversificadas e possa acumular bastante aprendizado em pouco tempo.
Pontos negativos
Pois é, eles também existem, infelizmente. Um dos principais é a instabilidade financeira. Você pode ganhar muito em um mês e quase nada no outro. Também não vai poder contar com décimo terceiro e nem férias (remuneradas). Também não vai ter plano de saúde da empresa. E aquela história de flexibilidade de horarios (lembra?) também pode se virar contra você.
Ninguém vai bater na sua mesa e dizer que já trabalhou demais e é hora de ir para casa. É preciso saber quando parar sozinho. E por falar em “sozinho”, pode ser que você se sinta solitário quando não tiver um colega de baia para conversar ou quando parar de receber convites para o café, o happy hour ou o amigo secreto da empresa. Claro que há quem considere essa parte do amigo secreto uma vantagem…
Outro ponto que merece atenção é a forma como as empresas vão remunerar o seu trabalho. Algumas exigem que você tenha uma empresa aberta e receba como pessoa jurídica. Outras tranquilamente farão o pagamento como pessoa física. Antes de aceitar um trabalho, confira essas informações e também os descontos (imposto de renda, ISS, INSS, etc) que incidirão sobre o que você vai ganhar. Faça as contas para saber se vale a pena ou se é preciso negociar alguma coisa diferente.
Por onde começar
Pois bem, se você colocou tudo na balança e achou que vale a pena ir em frente, nem que seja por um tempo, saiba que, como quase tudo na vida profissional, essa etapa também começa pelo networking. Se você está decidido a prestar serviços como autônomo, precisa deixar as pessoas saberem disso. Você pode entrar em contato com ex-colegas de trabalho ou faculdade, que trabalham na mesma área que você.
As redes sociais também são um excelente meio para anunciar sua disponibilidade e suas habilidades, mas sempre de forma simpática, por favor. Jamais (em hipótese alguma mesmo) utilize um tom “desesperado” nessa comunicação, como se estivesse pedindo uma esmola para pagar contas. Sua decisão precisa e merece ser anunciada da melhor forma possível.
Cuidados a tomar
Agora, quem pensa que só porque é “frila” não precisa ter muito comprometimento com as entregas e nem fazer aquela social com quem está contratando o serviço, já começa errando feio.
É exatamente por você ser “frila” que seus erros serão muito menos tolerados. Pense no quanto é mais fácil trocar de prestador de serviço do que demitir um funcionário e contatar outro. Por isso, faça um trabalho sério e cumpra o combinado, tanto em relação à qualidade quanto aos prazos estipulados. “Quem presta um serviço medíocre pode se queimar bem mais rápido no mercado”, alerta a coach Caroline Calaça. “Frila” bom é aquele em que o “cliente” confia.
Também é necessário manter contato com as pessoas que contratam seus serviços para que elas se lembrem de vocês nas próximas oportunidades e possam indicar seu nome a outras pessoas e empresas.
E, para quem pensa em “frilar” apenas enquanto não consegue um emprego formal, a coach Carolina faz mais um alerta. “Permanecer muito tempo como freelancer pode dar a impressão de que você está fora do mercado de trabalho”.
Se esse for o seu caso, defina um período para o “frila” e continue em busca da boa e velha formalidade no mercado de trabalho. Se achar conveniente, você também pode deixar seu “cliente” saber dessa sua intenção. Quem sabe não aparece uma vaga para trabalhar com ele. E, claro, um bom trabalho, especialmente nesse caso, vai ser seu melhor cartão de visitas.